Você lutou tanto para alcançar determinado cargo, mas quando chegou lá sentiu uma estranha sensação de tristeza? Sonhou a vida toda com um romance de filme, mas quando conseguiu construir algo sólido com a pessoa amada não sentiu a felicidade que imaginava?
Pode parecer estranho e bastante contraditório se entristecer ao alcançar o que um dia não foi apenas seu objetivo e desejo, mas também fonte de tanto investimento – de tempo, amor, dinheiro, atenção. O sentimento de insatisfação está intimamente relacionado à criação de expectativas. É impossível viver sem expectativas. Elas não só nos auxiliam a traçar nossos caminhos, mas ponderam nossos desejos e vontades e servem como balanço do que estamos construindo.
Comumente entendemos a conquista como algo necessariamente antagônico ao fracasso: poderiam sentimentos tão assimétricos coexistirem? Na clínica vemos que essa é uma queixa bastante comum, mas que não se restringe ou se limita ao ambiente de análise.
Mesmo que sejamos, desde sempre, expostos à ideia de que “nada é perfeito”, poucas vezes entendemos isso com profundidade para nós mesmos. Se nada pode dar errado nos nossos objetivos – entendemos a perfeição como imperativo de felicidade – nossa meta é, desde sua construção, fonte de angústia. Se nosso sucesso é entendido como sinônimo de felicidade incessante e benefícios infindos, estamos depositando em nós e no desejo uma ideia extrema e cansativa de “tudo ou nada” – a realização verdadeira seria, então, uma bênção infalível, uma cura perfeita da angústia. Já ouviu aquele clichê de que não reconheceríamos os dias bons se não houvessem os dias ruins? Então, essa é a lógica.
Como bem sabemos, essa ideia dura pouco: se ver diante de um sonho que não se materializa nos moldes da expectativa se torna angustiante, sofrido, faltante. Dessa maneira, mais fácil que encarar a ferida da imperfeição é prontamente entender a situação enquanto mais um fracasso.
Freud entende que nossos erros mais intensos não se dão em situações de falha, mas quando alcançamos o sucesso. Segundo a teoria freudiana, “o trabalho psicanalítico ensina que as forças da consciência tornam enfermos certos indivíduos por causa do êxito, do mesmo modo que geralmente outros se enfermam por causa da privação”.
Temos a ideia de que a análise serve e funciona para aqueles que sofrem pela falta: falta de amor, de felicidade, de sonhos concretos e realizados. De maneira diferente, a psicanálise entende que o sofrimento não diz respeito à falta da realização, mas o impedimento de enxergar o prazer naquilo que já conquistamos.
Tudo isso acontece porque precisamos entender que a felicidade não é um destino, mas sim um caminho. Se você estiver com dificuldade para lidar com as suas expectativas e decepções, será um prazer te ajudar a entender e aceitar a situação. Entre em contato conosco através do telefone (11)2268-4545 ou (11)95059-9998
Nadia A. Bossa
CRP: 48.273-9