Dra. Nadia Bossa

DA PALMATÓRIA À PALMA DA MÃO: A EVOLUÇÃO DO ENSINAR

 

 

    “Na minha época não era assim!”. Tenho certeza que você já ouviu essa frase milhares de vezes- e muitas delas ela saiu até mesmo da sua boca. É fato que a educação sofreu mudanças radicais ao longo das décadas, sempre sendo diretamente afetada pelos avanços tecnológicos, que impactam a forma com que nos relacionamos e pensamos.

    Ao olharmos para a educação do passado, o cenário era completamente diferente: professores rígidos, com palmatórias e que utilizavam o castigo físico naqueles que não mantinham a postura adequada. Esta prática não era uma forma do professor descontar sua raiva, mas sim uma ferramenta de ordenação e adequação do aluno. Embora recriminada nos dias de hoje, a prática acompanhava a mentalidade da época.

    A educação não era vista como essencial. Os pais consideravam de maior importância o trabalho dos filhos e não os estudos, principalmente nas famílias com menos recursos financeiros. O valor era trabalhar e trazer sustento para casa. Os professores de 100 anos atrás não eram tão qualificados, e priorizavam virtudes como autocontrole, disciplina e hierarquia. O conteúdo programático também era diferente. As matérias da área de humanas não tinham o objetivo de produzir um senso crítico, mas apenas reproduzir informações, com o intuito de ensinar coisas sobre a origem do país e valorização da pátria.

    Tudo isso parece distante, né? Ao longo dos anos, o professor tornou-se mais flexível e o castigo corporal não foi mais aplicado. O avanço da psicologia trouxe novas formas de entender a infância, tendo uma educação com muitas bases no behaviorismo, psicanálise, entre outras. A valorização do aluno é maior e a produção do conhecimento é mais incentivada do que antigamente. A educação ganhou nova importância e passou a ser vista como essencial, até mesmo como uma maneira de ascender socialmente. Há investimento em políticas públicas voltadas para a área – apesar de não serem aplicadas da melhor forma.

    Engana-se, porém, quem acredita que as mudanças pararam por aí. Após a pandemia do COVID-19, uma grande transformação no modo de assistir às aulas entrou em cena, principalmente para as classes com melhores condições financeiras, que disponibilizam recursos para que as aulas sejam vistas no modelo online. Para as crianças em idade pré-escolar isso gerou um grande prejuízo na socialização e em habilidades comportamentais e emocionais, contudo trouxe maior conforto. Estudos estão em curso para avaliar os benefícios e prejuízos de uma educação com intimidade tecnológica- já que vivemos na Era da Imagem e tecnologia- e quais as melhores formas de realizar essa integração, que parece inevitável.

    O que vem por aí? As respostas são variadas. Óculos de realidade virtual, paredes de vidro transparentes, assistentes virtuais… as possibilidades são inúmeras. Cabe aos professores e pedagogos a constante atualização para não ficarem para trás.

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