Como pais e professores, sabemos a dificuldade que é manter as crianças fora das telas: muitas vezes cansados, recorremos aos estímulos da tecnologia para distrair e acalmar os pequenos ou, por influência dos colegas e familiares, as próprias crianças buscam esse entretenimento em jogos, sites, vídeos e filmes. Você já se perguntou se a superexposição às telas afetam o cérebro do seu filho? Vem comigo investigar isso
A tecnologia pode ser uma grande aliada para nós: as possibilidades de desenvolver habilidades nas crianças por meio de jogos interativos, explicar conteúdos densos por meio de vídeos animados e divertir a criança são benefícios muito bons que devem ser utilizados pelos pais e professores. Mas nem tudo são flores…
A American Academy of Pediatrics afirma que o tempo diário máximo que uma criança deve ficar exposta à tela é de 1h – mas pesquisas revelam que a maior parte excede esse período. A AAP relata que a superexposição às telas é um dos mais importantes fatores de risco para a obesidade infantil, o sedentarismo, ao aumento da pressão arterial, para além de problemas com saúde mental: o aumento da ansiedade é comum às crianças e adolescentes que passam muito tempo conectados.
Vivemos na era do imediatismo: não nos possibilitamos sentir tédio e focar em uma atividade se torna difícil. Não é incomum vermos crianças que sequer conseguem ver um filme até o fim porque se aborrecem, parece absurdo né? A questão é que estimulamos isso ao trocar o desenho e o jogo pelo conforto das telas. Não oferecemos a possibilidade de a criança lidar com o próprio tédio, usar a criatividade para se divertir.
Esperamos das crianças uma responsabilidade que não lhes cabe. Os pequenos estão em uma fase do desenvolvimento onde são levados pelo prazer momentâneo – e as telas oferecem isso muito bem. Não podemos cobrar que elas sozinhas se condicionem a usar menos o celular, devemos auxiliá-las nesse processo: o uso de telas beneficia apenas os adultos que, tentando evitar a bagunça, a falação e principalmente o exercício de pensar em formas mais saudáveis e criativas de passar o tempo com as crianças, oferecem celulares e tablets como substitutos mais fáceis.
As crianças aprendem com exemplos. Somos as referências que eles encontram para moldar seus comportamentos, gostos e condutas. Dessa forma, se torna complicado pedir aos pequenos que não fiquem conectados muito tempo quando nós não desgrudamos das telas e não lhes oferecemos a possibilidade de elas experimentarem e viverem experiências diferentes.