Dra. Nadia Bossa

Transtorno Obsessivo Compulsivo

Pessoas com transtorno obsessivo compulsivo possuem persistentes pensamentos obsessivos e rituais (compulsões) para controlar a ansiedade que esses pensamentos produzem. Na maioria dos tempos, os rituais acabam os controlando. 

Por exemplo, se elas são obsessivas com germes ou sujeira, elas podem desenvolver uma compulsão de lavar as mãos repetidas vezes. Se elas desenvolvem uma obsessão com roubo, elas podem trancar e destrancar as portas de casa muitas vezes antes de irem para a cama. Ter medo de um constrangimento social pode levar as pessoas com transtorno obsessivo compulsivo a pentear seus cabelos compulsivamente em frente ao espelho, às vezes elas são vistas em frente ao espelho e não conseguem se afastar dele. Realizar esses rituais não é algo prazeroso. Na melhor das hipóteses, eles produzem um alívio temporário em relação a ansiedade criada pelos pensamentos obsessivos. 

Outras rituais comuns são: a necessidade de checar várias vezes o mesmo objeto, tocá-los (principalmente em uma sequência em particular) ou contá-los. Algumas obsessões incluem frequentes pensamentos em relação a violência, prejuízo à entes queridos, performance sexual ruim ou sobre temas que são proibidos pela religião que cada pessoa acredita. Pessoas com transtorno obsessivo compulsivo também podem ser preocupados com ordem e simetria, e  podem ter dificuldade em jogar coisas fora (portanto, eles acabam acumulando objetos desnecessários).

Pessoas saudáveis também possuem rituais, como checar várias vezes se o fogão está desligado antes de sair de casa. A diferença é que as pessoas com o transtorno obsessivo compulsivo realizam seus rituais mesmo quando eles interferem seu dia-a-dia e eles acham essa repetição desestressante. Embora a maioria dos adultos com o transtorno obsessivo compulsivo reconhecerem que o que eles fazem é sem sentido, alguns deles e a maioria das crianças não percebem que seu comportamento está fora do comum.

O transtorno obsessivo compulsivo afeta cerca de 2,2 milhões de adultos americanos, e ele pode ser acompanhado por problemas alimentares, outros transtornos de ansiedade ou depressão. Pode atingir homens e mulheres na mesma proporção e normalmente aparece durante a infância, adolescência ou na fase de jovem adulto. Um terço dos adultos com transtorno obsessivo compulsivo desenvolvem os sintomas quando criança, e pesquisas indicam que esse transtorno pode transitar na família. 

O percurso da doença é bastante variado. Sintomas podem surgir e desaparecer, aliviar ou piorar com o tempo. Se o transtorno obsessivo compulsivo se tornar severo, pode impedir uma pessoa de trabalhar ou de realizar suas responsabilidades em casa. As pessoas com transtorno obsessivo compulsivo podem tentar se auto-ajudar evitando situações que desencadeiam suas obsessões, ou podem usar álcool ou drogas para se manterem calmos. 

O transtorno obsessivo compulsivo normalmente responde bem à um tratamento com certas medicações e/ou psicoterapia baseada em exposição, pois quando a pessoa enfrenta situações que causam medo ou ansiedade, elas se tornam menos sensíveis à elas. NIMH está ajudando na pesquisa sobre novas abordagens de tratamento para pessoas que possuem o transtorno obsessivo compulsivo e não respondem bem às terapias usuais. Essas abordagens incluem uma combinação de tratamentos e técnicas modernas, como uma estimulação cerebral profunda.

Depoimentos

“Eu não posso fazer nada sem fazer rituais. Eles invadem todos os aspectos da minha vida. Realizar contas realmente me atrapalhou. Eu tenho que lavar meu cabelo três vezes invés de uma, porque três é um número da sorte e um não é. Isso me levou longe até para ler, porque eu gosto de ler quantas linhas tem no parágrafo. Quando eu coloco meu alarme a noite, eu tenho que colocar um número que a soma não é igual à um número “ruim”. 

“Eu sei que os rituais não fazem sentido e eu era profundamente envergonhado por eles, mas eu não poderia superá-los até fazer terapia.”

“Vestir-se durante a manhã foi difícil, porque eu tinha uma rotina, e se eu não seguisse a rotina, eu ficaria ansiosa e teria que me vestir novamente. Eu sempre temi que se eu não fizesse nada, minha família poderiam morrer. Eu tinha esses pensamentos péssimos de prejudicar minha família. Isso era completamente irracional, mas os pensamentos encadeavam mais ansiedade e mais comportamentos sem sentido. Porque durante o tempo que eu passava nos rituais, eu poderia fazer um monte de outras coisas que eram importantes para mim.”

Texto extraído do material “Anxiety Disorders”, por National Institute of Mental Health.

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